A belíssima portuguesa Filipa Gonçalves, tem 24 anos, 1m81 de altura e um corpo escultural. Entretanto tem reticências sobre o assédio da imprensa. O principal motivo? A insistência dos jornalistas em querer saber detalhes sobre a sua transformação completa em mulher. Sim, ela nasceu homem. Pelo menos em parte, já que aos doze anos foi comprovado que tinha 80% de hormônio feminino e um órgão sexual não desenvolvido, sem ter, sequer, pêlo.
A questão seria resolvida em 1999, quando Filipa, aos 18 anos, se submeteu à operação para adequação de sexo na Suíça e ganhou na justiça o direito de ter seu nome e sexo alterados na identidade e na certidão de nascimento. Resolvida definitivamente: Filipa sempre se considerou mulher e não aceita o termo transexual. A lógica, reconhecida, é que foi trans enquanto esteve em processo de transformação: agora é mulher.
De passagem pelo Brasil acompanhando o nosso eterno bad boy Alexandre Frota, que participa desde o último dia 18 de setembro do reality português 1ª Companhia (a viagem dos dois, aliás, deu o que falar entre os colunistas portugueses). Ela, que no Brasil conhecia apenas Porto de Galinhas, ficou duas semanas em São Paulo no início de setembro, com o Frota, conhecendo o dia e a noite da cidade.
Na véspera de seu retorno a Portugal, Filipa deu um pulinho na redação da G e, sem perder tempo, puxamos para uma conversa que você pode conferir logo abaixo.
Eu sei que você se recusa a falar sobre alguns assuntos, então, para começarmos, me diga o que você já cansou de responder ou não gosta que perguntem.
Eu não gosto de falar sobre o meu passado, porque eu já disse anteriormente tudo o que eu tinha a dizer e acho que as pessoas compreenderam perfeitamente o que sou e, por isso, acho que se há de falar sobre coisas novas e não do que ficou para trás.
E quando você contou em Portugal sobre sua sexualidade, qual foi a reação das pessoas?
Em Portugal as pessoas entenderam perfeitamente o que sou. Eu jamais posso ser considerada transexual, porque não sou um homem que virou uma mulher; eu sempre fui uma mulher. Como eu disse, e como já expliquei lá (em Portugal), eu não quero tocar na mesma tecla. Há quem diga em Portugal que eu queria sucesso, queria fama e por isso contei o meu passado e não tem nada a ver, porque eu já era manequim e tenho um pai que é uma figura pública em Portugal. Eu não precisava de mais fama do que já tinha. Eu simplesmente resolvi contar porque em Portugal as pessoas discriminam muito.
Então o conservadorismo impera mesmo em Portugal? Iuri Vovchenko |
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Sim, é a verdade, eles são muitos conservadores e ainda somos um país pequeno.
Mas como os jovens são educados com relação ao preconceito?
Os jovens são também preconceituosos. Os filhos já são criados para serem preconceituosos, por isso é complicado.
O movimento gay de Portugal costuma associar sua imagem a eles?
Acho importante as pessoas buscarem os seus direitos. Mas, eu fico um tanto afastada disso. Em Portugal, eu disse o que tinha a dizer e agora fico longe, é também para não prejudicar minha imagem como manequim. Mas tento não ficar associada, para não ser lembrada como aquela que fez isso ou fez aquilo.
Na Espanha, que é vizinha do seu país, o casamento e adoção por casais homossexuais foi aprovado. Você acha que em Portugal vai demorar ainda para isso acontecer?
Eu acho que em Portugal vai ser difícil. Sou a favor das pessoas que amam, independente do sexo, acho muito bom.
Você nunca precisou tomar hormônios, né?
Eu nunca tomei nada de hormônios. Eu só tomei alguma coisa meses antes da operação como parte de uma preparação. Graças a Deus, não sei a quem devo agradecer, eu sempre tive muitos hormônios femininos e acho que o único erro foi a genética, porque eu nasci perfeita, mas faltava uma coisinha. Para se ter uma idéia, aos doze anos eu tinha 80% de hormônios femininos e o resto masculino.
Depois da operação não teve de tomar nada também?
Não, eu já fiz a operação há cinco anos e nunca tomei nada. Fiquei satisfeita com o resultado. Mas eu aconselho qualquer pessoa a procurar um bom cirurgião, porque é essa parte que falta para a pessoa se sentir completa, portanto, não procurem um lugar qualquer para fazer a operação.
Você deve estar ciente de que muitas mulheres como você acabam, às vezes por desespero ou falta de condições, se submetendo a operações para adequação de sexo em lugares não especializados e que acabam por deformá-las...
Conheço casos de pessoas que não tinham tantos recursos para fazer a operação e foram fazer em lugares que não eram os melhores e até hoje são infelizes porque ficaram deformadas, porque o médico as iludiu e elas foram na conversa dele, que acabou por deixá-las completamente deformadas. Acho isso inadmissível. Para mim, se um médico não está apto para fazer uma operação, não deve dizer que vai fazer. Pessoas como nós, que já passaram por muita coisa na vida, não devem passar por mais problemas. Se algum médico me fizesse isso eu o matava. Pode ser brincadeira o que eu falei, mas a vontade é essa.
Que conselho você dá para essas pessoas que estão nessa situação?
Que esperem mais um pouco, tentem reunir condições para ir a um lugar especializado, ou que os países façam qualquer coisa para que elas paguem somente um valor mínimo e não tenham que pagar a fortuna toda.
Sexualmente falando, você perdeu a virgindade só depois da operação?
Perdi a virgindade com 18 anos, na época eu já tinha feito a operação.
Nunca tinha tido vontade antes?
Nunca. Eu não me sentia completa e depois da operação me senti completa e daí iniciei minha vida sexual.
E namorados?
Eu me permitia sentir, mas nunca ia em frente. Porque as pessoas me olhavam de uma maneira que não era aquela que queria, outros homens me olhavam como um outro homem e por isso não dava, nunca me envolvi com ninguém, ficava sempre nos amores platônicos.
Está namorando no momento?
Não. Ainda não encontrei a tal pessoa. Estou sozinha. Eu prefiro ficar sozinha a andar por aí com um e com outro.
Já levou cantada de mulheres?
Já, aliás, aqui no Brasil eu levo mais cantada de mulheres do que de homens.
Você já era famosa como modelo. E como pintou o convite para participar do reality Quinta das Celebridades?
Dessas entrevistas que eu dei para a imprensa. O Pedro Curto, que é o diretor do programa, leu uma e me convidou para participar da Quinta. No início, eu fiquei sem muita vontade em participar porque eu já tinha visto o programa anterior e não tinha gostado, pois tinha havido muito conflito e muitas pessoas saíram com uma imagem denegrida e eu, por ter uma imagem muito querida, não queria que isso acontecesse. Mas eu tive algumas reuniões com o Pedro e com mais algumas pessoas da produção e acabei por aceitar o convite.
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